segunda-feira, 4 de agosto de 2008

OLIMPÍADAS DA VERGONHA...



REPORTAGEM ESPECIAL - Boicote aos Jogos da China: parece “postura radical”, mas razões são muitas e lícitas

Mônica Pinto / AmbienteBrasil


Os Jogos Olímpicos da China, de 8 a 24 de agosto, despertam, em muita gente, mais revolta do que euforia. Numa deformação atípica, o evento que tornou-se tradicionalmente sinônimo de valores elevados para os seres humanos, ao acontecer nesse país, mais os nega do que reforça.

Em 1993, Pequim pleiteou sediar os Jogos, sendo preterida, entre outras razões, pelo alto nível de poluição registrado na cidade. Em julho de 2001, convenceu o Comitê Olímpico Internacional de que realizaria “Olimpíadas Verdes” – uma promessa até agora não cumprida, conforme divulgado recentemente pela imprensa (leia em Pequim não atinge padrões de poluição a um mês das Olimpíadas).

Atletas de diversos países já externaram preocupação quanto às respectivas performances e a expectativa generalizada é que os Jogos na China não registrem grandes quebras de recordes. Pior que isso, a péssima qualidade do ar pode resultar até na morte de competidores, dado o extremo esforço a que se submetem.

Justiça seja feita, a China até que tentou. Fechou fábricas altamente poluidoras; promoveu “dias sem carro”, implantou técnicas para provocar chuva e dispersar poluentes, entre outras iniciativas.

Mas seus problemas em termos de imagem vão muito além da fumaça visível em Pequim. No campo dos direitos humanos, a Anistia Internacional aponta que a China continua ferindo as convenções globais e perseguindo de forma implacável seus dissidentes e opositores. Os prisioneiros políticos lotam o sistema penitenciário e são submetidos à tortura, cárceres precários e julgamentos sem direito à defesa. As execuções ainda são comuns, há denúncias sobre campos de trabalho em condições degradantes e sobre alto índice de exploração de mão-de-obra infantil.

A causa da independência do Tibet, um tanto esquecida desde o massacre de manifestantes pelo exército chinês na praça da Paz Celestial, em 1989, renasceu perante a opinião pública ocidental. A passagem da Tocha Olímpica foi marcada por manifestações pró-Tibet em diversos países. Diretamente, os membros do COI vivenciaram constrangimento em protestos de ativistas em frente ao hotel onde se reuniam em junho passado, na Grécia.

No mesmo mês, as autoridades chinesas encurtaram em três dias a etapa da chama olímpica no Tibet, cenário, em março passado, de uma violenta revolta antichinesa. No discurso oficial, a modificação se deu por causa do terremoto que devastou o sudoeste da China.

Liberdade de imprensa – ou melhor, a falta dela – é outro acinte aos direitos do cidadão naquele país. Em toda a porção democrática do planeta, a Internet é território livre. A China exerce um controle rígido na rede. Os internautas têm acesso a uma versão cheia de páginas censuradas, especialmente as de notícias, como a da BBC, fora as de organizações de defesa dos Direitos Humanos e todas as que forem consideradas subversivas pelo poder comunista.

Boicote organizado

Em 2005, a China já figurava como vilã número um em relação aos direitos animais. Em novembro daquele ano, por exemplo, o ex-Beatle Paul McCartney anunciou que jamais se apresentaria no país, indignado com o massacre de cachorros e gatos para a retirada de suas peles.

Esse é um mercado que encontra guarida em vários locais, mas, na China, chama especial atenção pela crueldade absolutamente desnecessária com que se processa. McCartney fez a declaração após assistir a um vídeo, gravado com câmara oculta em um mercado de Cantão, ao sul do país. As cenas, feitas pela entidade Peta (People for the Ethical Treatment of Animals), mostram atrocidades como o lançamento de gatos e cachorros do teto de um ônibus até o chão de cimento; gatos em sacos sendo colocados vivos em água fervente e homens rindo enquanto batem com paus em gatos e cachorros até a morte destes.

Desde 2006 – portanto há três anos consecutivos -, entidades de proteção aos animais de todo o mundo manifestam-se, no dia 13 de fevereiro, contra a indústria de peles na China. E o Brasil participa desse movimento.

“Um governo que não respeita os direitos humanos, não tem nenhuma legislação referente aos animais, um dos maiores poluidores do planeta, sem dúvida alguma, não tem moral para sediar uma Olimpíada. Trata-se de um grande equívoco ou de um grande golpe”, disse a AmbienteBrasil Fábio Paiva, líder do grupo “Pelo Fim do Holocausto Animal”, um dos organizadores dos protestos em território brasileiro.

”Os alienados e aqueles que estão de alguma forma envolvidos financeiramente com os Jogos Olímpicos, bem como os atletas, podem até não perceber ou fazer de conta que nada disso é verdade. Mas, aos olhos das centenas de entidades espalhadas ao redor do mundo, que lutam pelos direitos humanos e direitos animais, a Olimpíada de Pequim não será motivo para que amenizemos a pressão”, completa.


Essa pressão vem sendo concretizada pelo convite a um boicote completo aos Jogos.

Não precisa se ir muito longe para encontrar reprovação aos, digamos, métodos do país. No dia 18 passado, AmbienteBrasil publicou em seu clipping notícia com o título COI ameaça cancelar provas em Pequim por causa da poluição.

Vários leitores se manifestaram no espaço apropriado.Adriana Bastos disse: “Penso que o COI deveria boicotar as Olimpíadas pelas atrocidades que estão sendo cometidas com os tibetanos.Liberdade ao Tibet!!!”

A leitora Tereza opinou que “a China ainda vai se arrepender em querer sediar as Olimpíadas, pois ela esta se mostrando ao mundo e o que nós estamos vendo não é o que os chineses queriam nos mostrar...”.

Para completar o pacote de contradições dos jogos vindouros, mais uma informação:o evento que faz da busca pela superação sua marca; que festeja a saúde em todos os seus aspectos, é patrocinado por um ícone da chamada junk food (termo utilizado para definir alimentos com alto teor calórico e níveis reduzidos de nutrientes) – o McDonald’s.


Fábio Paiva
Ativista em defesa dos Direitos Animais
http://www.holocaustoanimal.org/
http://holocaustoanimalbrazil.blogspot.com/
http://animalpress.blogspot.com/

Junte-se ao boicote contra a China
http://www.thepetitionsite.com/takeaction/395884823

11 comentários:

Anônimo disse...

Bom, certamente, bons motivos não faltam para o boicote. E eu mantenho o meu boicote que prometi. Nem tanto porque vá fazer grandes diferenças, mas principalmente para a minha própria consciência.

Vic disse...

Olá Trotta, obrigada pela visita.Concordo com vc, ter a consciência tranqüila é o que vale, mesmo que nossa manifestação não altere os fatos.

Olimpíada da vergonha.EU Não ASSISTIREI!

Belisa disse...

Olá

Vim fazer uma visita ao seu cantinho...
E gostei por isso deixo...
Beijos estrelados

Natureza Poética disse...

Concordo plenamente Vic.
As razões são muitas e estão bem expostas.
Só não vê quem não quer ver mesmo.

Querida,... como sempre uma ótima postagem. Parabéns!
Tenha uma linda também viu. Beijus

Natureza Poética disse...

Rrsrs... faltou acima a palavrinha semana. :) Beijus

Francisco Coelho disse...

Sem duvida essa olimpiada na China jamais deveria ter acontecido,mas infelismente o capitalismo selvagem sempre acaba vencendo as melhores intenções.


Bjs

Carlos Henrique Leda disse...

Vejo esse movimento de boicote e muitos blogs, mas sempre me pergunto qual a diferença que isso faz?
As olimpíadas acontecerão, pessoas visitarão, a censura continuará lá.

Então devemos ficar quietos? Claro que não, mas o que estamos fazendo contra as coisas ruins que ocorrem aqui, onde moramos? Continuamos comprando produtos chineses? Continuamos votando no político 'menos pior', como se isso fosse melhorar algo? Estamos consumindo menos, doando mais, ajudando ao próximo?

Aqui não tem a censura de lá, mas experimente falar de uma pessoa famosa que acha ela um babaca ou irresponsável.

Divulgar arbitrariedades sem dúvida é algo muito bom, mas façamos isso sem nos esquecer da nossa casa, da nossa sujeira, dos nossos erros.

greentea disse...

conta comigo no dia 7!!!

Ana Cristina disse...

Olá Vic, claro que concordo que a China precisa mudar, mas não acho legal criticarmos os outros, quando também temos o nosso rabo bastante preso. Antes, me preocupo com o que se passa aí no Brasil, onde também há graves violações de direitos humanos. Sempre que aí piso fico em choque ao ver tanta e crescente miséria num país tão cheio de recursos, uma enorme quantidade de favelas por todo o lado. Claro que dói ver os direitos dos animais violados na China, mas também dói ver crianças abandonadas, famintas, pedindo esmolas pelas ruas e pelos sinais de trânsito, muitas delas a consumir drogas à vista indiferente de todos. Estive no nordeste e foi lamentável de se ver a quantidade absurda de jovens que se prostituem dia e noite por todos os lados: nas praias, ruas, shoppings, etc., por gosto ou por desespero… sei lá. Leio as notícias de corrupção generalizada, de crimes de toda espécie, das condições nas prisões brasileiras, da devastação da floresta amazónica,etc. etc. e etc.… pra não me alargar muito. Nem precisa, é mais que óbvio.

Quanto à questão do Tibet, sempre há várias versões dos fatos, e é bom que as conheçamos, para não ficarmos assim tão condicionados. Leia meu post Tibete, Outra Perspectiva http://myguidestar.blogspot.com/2008/05/tibete-outra-perspectiva.html. Qual delas é a mais próxima da realidade? Não sei. Estarei embarcando para a China no dia 25 deste mês. E não vejo a hora de lá chegar, conhecer esse lindo, misterioso, gigantesco e milenar país. Um abraço.

Vic disse...

Cara Cristina, realmente é uma questão de consciência.

Eu não gasto sequer um centavo para comprar algum produto chinês, produzindo por trabalho escravo, e muito menos iria para um país que viola direitos humanos, direitos dos animais, e ainda é um dos maiores poluidores do planeta.

Temos muito problemas aqui no Brasil, sim, dúvida nenhuma, mas isso não significa que tenhamos que olhar apenas para nosso umbigo.Há muitas frentes para se lutar.Manifestar-se contra os jogos olimpícos em um país que fere todos os ideais olimpícos, não significa dizer que o Brasil, é perfeito, muito pelo contrário; porém não poder manifestar-se sobre esse assunto, em razão de o Brasil não ser o país dos sonhos, é um pouco demais.

Quanto ao Dalai Lama citado em seu artigo, leia um pouco mais sobre ele, que prega a compaixão.Ele jamais pegaria em armas ou defenderia que seu povo o fizesse para defender o Tibet e isto não significa que ele se vendeu.Ora faça-me o favor?!!!

O Tibet vive, nos últimos cinqüenta anos, uma tragédia nacional. Em 1949 a China invadiu o país. A ocupação matou, torturou, destruiu e traumatizou milhares de tibetanos, inclusive e principalmente monges – homens e mulheres – e muitos mestres; outros milhares tiveram que fugir buscando exílio no Nepal, Butão e principalmente na Índia.

A invasão chinesa foi acompanhada de uma política e ações destinadas a apagar a identidade tibetana, levando à morte da memória do povo, ao desaparecimento de seu modo de vida tradicional e da história da nação tibetana, antes mesmo de ela ser formalmente anexada. Milhões de tibetanos morreram vítimas de lutas, fome, torturas, execuções e trabalhos forçados. Tesouros materiais e espirituais foram roubados, queimados, destruídos e esquecidos para sempre. As florestas do Tibet foram derrubadas, e seus lagos sagrados, poluídos. O Tibet tornou-se uma vasta base militar e local de experiências nucleares.

Os tibetanos tornaram-se minoria em sua própria terra. A sobrevivência da cultura e da identidade tibetana estão hoje ameaçados, milhares de tibetanos estão abandonando o Tibet a pé, através dos Himalaias, aterrorizados com a ocupação dos chineses e deixando tudo para trás.

Anônimo disse...

Yes undoubtedly, in some moments I can say that I approve of with you, but you may be considering other options.
to the article there is quiet a question as you did in the decrease publication of this solicitation www.google.com/ie?as_q=flash video grabber 2.0 ?
I noticed the catch-phrase you procure not used. Or you functioning the dreary methods of inspiriting of the resource. I have a week and do necheg