quinta-feira, 10 de abril de 2008

LIBERDADE PARA O TIBET



UM LONGO OLHAR NA DIREÇÃO DE CASA

Resumo do catálogo da exposição – "Um longo olhar na direção de casa" / "A long look homeward"

O Tibet vive, nos últimos cinqüenta anos, uma tragédia nacional. Em 1949 a China invadiu o país. A ocupação matou, torturou, destruiu e traumatizou milhares de tibetanos, inclusive e principalmente monges – homens e mulheres – e muitos mestres; outros milhares tiveram que fugir buscando exílio no Nepal, Butão e principalmente na Índia.

A invasão chinesa foi acompanhada de uma política e ações destinadas a apagar a identidade tibetana, levando à morte da memória do povo, ao desaparecimento de seu modo de vida tradicional e da história da nação tibetana, antes mesmo de ela ser formalmente anexada. Milhões de tibetanos morreram vítimas de lutas, fome, torturas, execuções e trabalhos forçados. Tesouros materiais e espirituais foram roubados, queimados, destruídos e esquecidos para sempre. As florestas do Tibet foram derrubadas, e seus lagos sagrados, poluídos. O Tibet tornou-se uma vasta base militar e local de experiências nucleares.

Os tibetanos tornaram-se minoria em sua própria terra. A sobrevivência da cultura e da identidade tibetana estão hoje ameaçados, milhares de tibetanos estão abandonando o Tibet a pé, através dos Himalaias, aterrorizados com a ocupação dos chineses e deixando tudo para trás. O frio é tão intenso que muitas vezes é necessário amputar membros do corpo, e até mesmo perdem-se vidas no caminho do exílio. No país, as torturas a que são submetidos, inclusive trabalhos forçados em campos de prisioneiros, vão além da compreensão humana. Os depoimentos de tibetanos que se recusaram a aceitar a "re-educação" chinesa são impressionantes: eles passaram por torturas inaceitáveis e inacreditáveis – suspensos no teto, submetidos a queimaduras com cigarros por todo o corpo, golpeados com fios elétricos... algumas mulheres aprisionadas tiveram seus genitais penetrados com bastões elétricos, e muitas foram esterilizadas e forçadas a abortar, sendo-lhes negado o direito de reprodução. Os que ainda vivem no Tibet têm liberdade vigiada e são proibidos, entre outras coisas, de praticar sua religião. O Tibet tornou-se uma vasta base militar e local de experiências nucleares. A ocupação chinesa destruiu mais de 6.000 monastérios e templos; os que restam ainda hoje são utilizados como atração turística, acampamento militar ou sanitário público.

Escrituras e esculturas preciosas foram destruídas ou vendidas em mercados internacionais. Os chineses utilizaram escrituras sagradas como solado de sapato e monges foram forçados a profanar objetos religiosos.

A violação dos direitos humanos pela China no Tibet teve início desde sua ocupação e continua até hoje através de uma combinação de enormes abusos aos direitos humanos individuais e uma institucionalizada e sistemática opressão aos direitos coletivos do povo tibetano. O maior interesse dos chineses é aculturar os tibetanos, o que significa forçá-los a assimilar idéias e costumes chineses, tornando extremamente difícil preservar a cultura e a identidade do povo.

O ecossistema e as reservas naturais do Tibet estão enormemente danificados, como resultado do desmatamento e da caça, praticados de modo desenfreado. Várias regiões do Tibet foram e estão sendo usadas hoje em testes nucleares e como depósito de material radioativo.

Os tibetanos também sofrem descriminação na área da saúde e educação. Eles não têm acesso nem a hospitais, que são muito caros, e a educação que recebem nas escolas é de baixíssimo nível, além de obviamente implementar costumes chineses. Foram erradicados dela os valores e a cultura tibetana. A China defende que maravilhas foram feitas em prol dos direitos humanos no Tibet, mas a verdade é que (segundo testemunhos) mais de 20% da população total desde 1949 morreu vítima da política de perseguição, nas prisões feitas arbitrariamente, sob torturas, passando fome, fazendo trabalhos forçados em campos, mortes judiciais e extra-judiciais num processo de total desprezo aos princípios e procedimentos democráticos legais, bem como aos direitos humanos.

Hoje a situação do Tibet continua a mesma. Sob a ocupação chinesa os abusos dos direitos humanos, repressão religiosa e a destruição ambiental continuam sendo ocorrências diárias; é impossível para os tibetanos reivindicar seus direitos, pois por qualquer resistência levam-nos à prisão, a torturas e a expulsão dos monastérios. A política da transferência da população que encoraja os chineses a se instalarem no Tibet estão destruindo a cultura tibetana e seu meio de vida.


"Lembre-se do sofrimento do povo tibetano. Povo dotado de história, coragem e senso de responsabilidade nacional. Lembre-se deste povo incansável e determinado, e por favor ajude-o a dar continuidade ao seu senso de responsabilidade nacional."

Tenzing Gyatso, o XIV Dalai Lama
Um monge budista do Tibet.


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